quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Lauro Escaño, Folha Notícias - Sábado 30/07/2011

Lições aprendidas com Lionel Messi.

 Em pleno andamento da Copa América na Argentina, mesmo com as eliminações,os pênaltis perdidos e o fraco desempenho de nossos jogadores, podemos extrair algumas lições sobre Liderança, Desempenho e Futebol. Hoje, nesta coluna (que não é de futebol) vou destacar alguns pontos que considero relevantes sobre um personagem muito especial, Lionel Messi, exemplo de destaque na Era da Globalização. Nascido na Argentina, levado à Espanha com dez anos de idade, foi preparado para ser para ser o melhor jogador do mundo.  

Messi pode ser caracterizado como um líder técnico, esse tipo de Líder tem como sua característica fundamental o desempenho baseado em sua técnica, ou seja, suas habilidades e competências são destaque e referência no processo de inter-relação  da equipe. Mais do que o carisma ou elementos de dominação, comum a muitos líderes, a excelência das atividades e mesmo o mito em torno desta competência fazem do líder técnico um fator importante no desempenho da equipe. Ele garante um bom nível de qualidade no trabalho e serve de referência a todos, além de dar a tranqüilidade ao grupo quanto a possibilidade de conquistar  bons trabalhos. O ponto negativo neste estilo de liderança é que ele carece do contra-ponto , principalmente, quando as coisas não ocorrem como o previsto. Neste momento só a competência técnica poderá não ser suficiente para sustentar o entusiasmo e a disposição da equipe, sendo necessária uma abordagem mais intensa. Ainda no campo do futebol é só lembrarmos do binômio   Romário- Dunga na conquista de 1994. Esse equilíbrio é sempre bem vindo e é receita de sucesso em todos os campos da vida.

 Outra consideração a ser feita é quanto a necessidade de o desempenho individual interagir com a equipe. Em atividades coletivas, a soma dos desempenhos individuais não é igual ao desempenho do grupo. Estamos cansados de ver equipes que pela integração, harmonia e companheirismo têm um desempenho (nos esportes ou no trabalho) muito superior àquelas supostamente ditadas pelas individualidades. Sem dúvida o indivíduo é afetado pelo meio, juntamente com seu desempenho. Falando de Messi, para ele jogar no Barcelona é, sem dúvidas, mais  fácil e mais prazeroso do que jogar na Seleção Argentina. Assim ocorre conosco também, a escolha de com quem trabalhamos e convivemos faz diferença.

 Ao longo dos jogos observamos uma característica muito importante para qualquer ser humano, mas, por vezes, levada pouco a serio nas Organizações: o Reconhecimento. Ser reconhecido, ser valorizado, sentir-se importante, agregando valor ao seu grupo, faz com que todos rendam mais e melhor. Com Messi não foi diferente. Ser o melhor do mundo é importante, mas ser o melhor em sua própria casa é o que, muitas vezes, realmente importa. Apesar de difícil, creio que todos sonhamos, assim como Messi, em  termos o reconhecimento e a admiração dos mais próximos. Contrastando com a globalização, é importante lembrarmos de Fernando Pessoa que disse (como Alberto Caeiro) em um de seus versos:  “O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,/ Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia/ Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia. “

  Liderança, equipe e reconhecimento. Fica aqui uma reflexão sobre aspectos fundamentais do desempenho.  Creio que a grande missão pessoal e profissional é buscar uma atuação, seja no esporte e no universo do trabalho, que não nos “economize”. Isto é, façamos e sejamos o melhor de nós, sem comparação a outros, mas tendo como foco um desempenho proporcional ao nosso potencial. Quando isso ocorrer, mesmo que o primeiro lugar não chegue (infelizmente, reservado apenas a alguns), o sentimento de dever cumprido diminuirá a tristeza e motivará as próximas vitórias que virão. Boa semana!